Aulas que seus alunos irão se lembrar para sempre
Motivação é a chave para ensinar a importância do estudo na vida de cada um de nós

Luciana Zenti

Júlia é uma menina falante e alegre. Nas rodas de leitura, que acontecem toda semana na escola em que estuda, em São Paulo, está sempre atenta aos comentários da professora e se empolga contando aos colegas as passagens da história que está lendo. "Se bobear, leio até dicionário", diz, sorrindo. Surpreendente? Pois saiba que, na turma de Júlia, ela não é exceção. Quase todos levantam a mão quando alguém pergunta se estão lendo mais do que no ano passado. Eles adoram contar suas aventuras pelas páginas impressas, o que transforma a atividade em um grande bate-papo.
Embora todos os educadores saibam a importância da educação para o desenvolvimento do ser humano, fazer com que crianças e adolescentes compreendam isso é certamente mais difícil. Mas está longe de ser impossível. Ao contrário. Experiências como a de Simone Santiago, a professora de Júlia , têm como base uma palavra-chave: motivação.
"Não se pode esperar que todos os alunos queiram estudar e se interessem, pois muitos acham a escola chata e a freqüentam por obrigação", afirma Antonio Santos, professor de Psicologia Educacional da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP).

A indisciplina excessiva, a falta de interesse constante e a apatia dos estudantes são, sim, um problema enorme. E é preciso muita disposição para superá-las. Infelizmente, não existe uma receita mágica para transformar as aulas em foco de atração, mas com sensibilidade e energia para enfrentar o desafio você pode conquistar seus alunos, ganhar tempo e, o que é melhor, trabalhar com mais prazer.
Nesse aspecto, os especialistas são unânimes: é fundamental mostrar que estudar também é divertido. "Não existe aluno sem solução. De um jeito ou de outro se descobre algo de que ele goste", diz Olgair Gomes Garcia, professora de Didática da PUC-SP e coordenadora pedagógica da rede municipal de ensino de São Paulo. "O profissional atento valoriza o estudante quando ele participa e, assim, consegue trazê-lo para o grupo."

Como explica Olgair, a maior dificuldade é planejar a aula de forma a interessar a todos. "Cada jovem traz em si características muito diferentes. Por isso é tão complicado criar um clima de aprendizagem", destaca. Isso acontece porque a motivação não é apenas algo natural, mas depende de fatores externos.
Na linguagem dos especialistas, há uma divisão entre a motivação intrínseca — quando o próprio conteúdo basta para gerar um interesse — e a extrínseca — quando se recorre a elogios, notas ou prêmios. "As pesquisas mostram que quanto mais idade o aluno tem mais se torna imprescindível a motivação intrínseca", explica Antonio Santos. Para trabalhar essa motivação, o mais importante é estimular o progresso do grupo e criar um ambiente agradável em sala. "O estudante precisa perceber que o que ele faz é valorizado. Para a sua auto-estima isso é essencial."
Segundo Santos, o aluno é naturalmente motivado para tudo aquilo que esteja ligado ao momento de vida pelo qual está passando. Ocorre que muitos professores planejam as atividades apenas de acordo com seu ponto de vista, sem definir os desafios a partir da perspectiva da classe. "Uma boa dica é inverter os papéis. Se o educador descobrir o que a classe quer, com certeza vai atrair sua atenção", ensina.


Estabeleça metas individuais. Isso permite que os alunos desenvolvam seu próprio critério de sucesso.

Emoções positivas melhoram a motivação. Se você pode tornar alguma coisa engraçada ou emocionante, sua turma tende a aprender muito mais.

Demonstre por meio de suas ações que o aprendizado pode ser agradável.

Desperte na criança o desejo de aprender.

Dê atenção. Mostre ao aluno que você se importa com o progresso dele. Ser indiferente a uma criança é um poderoso desmotivador.

Negocie regras para o desenvolvimento do trabalho.

Mostre como o conteúdo pode ser aplicado na vida real.

Explique sempre os objetivos da atividade.

Em vez de recriminar respostas ou atitudes erradas, reconheça o trabalho bem-feito.

Sempre que possível ofereça opções de atividades.

Seja flexível ao ensinar. Apresente exemplos para estimular a reflexão.

Use recursos visuais, como desenhos, fotos, gráficos, objetos.