Prezado irmão, quer queira ou não, somos filhos do mesmo pai criador e por mais que possamos pensar diferente, transitar no campo das idéias por caminhos que no teu entendimento não são compatíveis, somos irmãos. Te enxergo como um irmão amado, pois nosso amado Jesus assim nos declarou quando em sua sublime oração disse:”Pai nosso, que estais no céu...”, em momento algum ele disse: “ Pai daqueles que somente têm as mesmas crenças”, assim o tenho como irmão.
A Bíblia, que é considerado um livro sagrado por três grandes religiões (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), é sagrado por expressar o amor de povos que acima de tudo acreditavam em um único pai criador, mas como qualquer livro escrito pela mente e crenças humanas não é a verdade absoluta, pois a verdade está em Deus, somente com ele, e por mais que um determinado povo (e que se diga o eleito) coloque no papel, a verdade absoluta de Deus só a ele pertence.
A Bíblia, querido irmão, é um belíssimo livro que mistura história, lendas e mitos. Durante o cativeiro na Babilônia os sacerdotes hebreus resolveram escrever 2.000 anos de tradição oral, ou seja, pais que contavam no boca à boca as histórias e glórias dos seus antepassados, daí sugiram a Torá e o Talmud que formam o que os cristãos chamam de Velho Testamento. Como toda religião necessita explicar a origem das coisas e de acordo com a capacidade intelectual da época se utiliza de lendas e mitos, posso citar como exemplos a criação da terra em seis dias humanos e no sétimo descansar. Deus, criador do universo cansado? (Gênesis). Outro exemplo, segundo o livro Gênesis Deus criou primeiro o dia e a noite para depois criar o sol, amigo, só há noite e dia pela existência do sol, sem falar na serpente que fala e têm pernas, um fruto mágico que trás conhecimento, Caim que acha uma esposa e constrói uma cidade (se só havia três no mundo, e não venha dizer que eram descendentes de Adão por que a Bíblia não diz isso), Josué parou o sol (o sol nunca se movimentou), enfim, estes e outros exemplos tão presentes na crença dos hebreus e que vocês tomam por verdade. Parece que para vocês Deus só é Deus se produzir mágicas, criações instantâneas, animais que falam, um Céu com ruas de pedras preciosas (pedras estas que nós humanos é que conferimos algum valor). Deus é Deus e suas obras seguem o curso natural das coisas, é aí que está à verdadeira magia. Voltando a criação da Bíblia, os Evangelhos contam as crenças dos novos cristãos (o primeiro livro escrito foi o da igreja de Marcos, 60 anos após a passagem de Jesus pela terra e o último 90 anos que foi o evangelho das Igrejas de João, há diversos evangelhos), assim em 324 D.C., um grupo de homens (que se diziam donos da verdade), sob a égide de um imperador romano pagão (Constantino), definiu o que era verdade ou não, excluindo os textos que não estavam de acordo com a maioria (chamando-os de apócrifos), passando a deificar Jesus e criando a trindade e outras coisas para justificar o seu poder temporal sobre os demais. A primeira tradução da Bíblia foi à septuagina ou dos setenta, que traduziu para o grego as escrituras (escritas em hebraico antigo, língua pobre de vocábulos) e por isso alguns vocábulos foram escritos errados (Analisando as Traduções Bíblicas. Professor Doutor em Ciências da Religião Severino Celestino da Silva – 30 anos de estudo da língua hebraica); em seguida o sacerdote cristão Jerônimo (São Jerônimo para os católicos) fez a segunda tradução a Vulgata, que por ordem papal acrescentou e retirou alguns textos a fim de adequar a Bíblia aos interesses da igreja cristã; tivemos ainda a tradução do espanhol Almeida (hoje muito utilizada pelos evangélicos) e que reconhece mais de 2.000 erros de tradução (idem). Enfim, se a Bíblia fosse à verdade absoluta não haveria mais de 600 denominações evangélicas se dizendo, cada uma, portadoras da verdade absoluta.
Quanto a reencarnação ser a base principal do espiritismo, estás enganado, se constitui de um dos cinco princípios básicos que são eles: Existência de um Deus único, criador de tudo; a reencarnação; a sobrevivência a morte; a possibilidade de comunicação com os espíritos e a pluralidade dos mundos. Bem, segundo a crença espírita há um processo educativo evolutivo pelo qual se justifica a reencarnação como a justiça divina. A base das suas crenças, que você diz a minha ser anti-biblica, está no Judaísmo (o povo eleito, lembra), pois é, existem três vertentes de judaísmo: Tradicional, Ortodoxo e Liberal (os dois primeiros são os mais antigos remontando as crenças da época de Jesus), para os Tradicionais e Ortodoxos o homem reencarna três vezes, caso não se torne um ser melhor encarna em um corpo de um animal ou se torna um espírito errante na terra. A reencarnação foi retirada da bíblia no século V, por um imperador cristão que não aceitava esta crença (Analisando as Traduções Bíblicas). Os casos citados por você eu até poderia aceitar como ressurreição por retornar ao mesmo corpo, na reencarnação retorna-se a um corpo diferente, embora ache que Jesus não iria derrogar uma lei de DEUS ressuscitando pessoas totalmente mortas, acho mais provável que ele as curou do que hoje chamamos de catalepsia, mais isto é outra história.
Bom quanto à possibilidade de João Batista ser Elias (que você diz ser o profético) em canto algum da Bíblia isto é afirmado, Jesus afirma claramente que ele é o Elias que estava profetizado que viria. Caro irmão, você acredita realmente que Elias não morreu? Você está me dizendo que a “carruagem de fogo” levou Elias para o Céu em corpo físico e não em espírito? E que Céu é este? O céu acima de nós ou uma esfera espiritual diferente? Você pode me afirmar com toda certeza de quem escreveu sobre o arrebatamento de Elias não teve uma visão espiritual? Bem, quanto ao momento da transfiguração, segundo a crença espírita (Livro dos Médiuns e outras obras que tratam do perispírito), o espírito pode assumir sua forma perispiritual tanto da última existência como de outra, por tanto não há contradição, você é que ainda não leu todas as obras e se utiliza de alguns trechos para justificar sua tese.
O que você ainda não respondeu, pois o foco da questão não era a reencarnação, é sobre o diabo e a aparição de espíritos. Por exemplo, você ainda não me explicou onde estava Deus quando o “diabo” tentou tomar o Céu, nem tão pouco por que Deus o criou, nem como Deus que é o mais sublime amor pode ter criado o inferno (só quem cria alguma coisa é Deus, não me venha conferir poder ao diabo). Nem tão pouco me explicou por que se é pecador que fala com os espíritos ou endemoniado, por que Jesus falou com os espíritos de Moisés e Elias? Por que Deus só permite a comunicação do diabo ou demônios (do grego Daimon que significa espírito, nem bom nem mau, só espírito)? Sei que a forma com que vocês atraem os seus fiéis para a crença de vocês é através do medo em diabos, infernos e penas eternas, e até compreendo que algumas pessoas necessitam ir por este caminho, mas acho que vocês falam demais em diabo, mais até do que em Deus, analise as preleções dos pastores, falem mais de Deus e do seu amor maior por todos, até pelo seu amor aos ateus, por que isto é o que interessa. Não estou entrando em uma disputa teológica com você, mais expressei minha opinião e gostaria que, assim como respeito a sua, a minha fosse respeitada. Um forte abraço e muita paz em nome de Jesus.