A Outra janela

A menina debruçada na janela trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor causado pela morte de seu cão de estimação.


Com pesar observava atenta ao jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras.
A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.


O avô que observava a aproximou-se a envolveu em um abraço e falou-lhe com serenidade:
- "Triste a cena, não é verdade?"
A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.

No entanto, o avô que desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade pegou-lhe pela mão e a conduziu para uma janela opostamente localizada na ampla sala.



Abriu as cortinas e permitiu-a que visse o jardim florido a sua frente e lhe perguntou carinhosamente:


- "Está vendo aquele pé de rosas amarelas bem ali a frente?
Lembra que você me ajudou a plantá-lo?


Foi em um dia de sol como hoje que nós dois o plantamos.


Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos e hoje veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas."

A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso mostrando as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre umas e outras das tantas rosas de variados matizes que enfeitavam o jardim.


O avô, satisfeito pôr tê-la ajudado a superar o momento de dor falou-lhe com afeto:
- Veja, minha filha.


A vida nos oferece sempre várias janelas.


Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza sem que possamos alterar o quadro, voltamo-nos para outra e certamente nos deparamos com uma paisagem diferente.


Tantos são os momentos de nossa existência, tantas as oportunidades de aprendizado que nos visitam no dia-a-dia que não vale a pena sofrer diante de quadros que não podemos alterar.

São experiências valiosas da vida, das quais devemos tirar lições oportunas sem nos deixar tragar pelo desespero e revolta que só infelicitam e denotam a falta de confiança em Deus.

(Desconheço o autor)