Edição 466-23/04/2007

Em abril deste ano, a Revista ÉPOCA dedicou sua capa à educação. A matéria mostrou como os currículos das escolas ficaram obsoletos e discutiu quais habilidades que os alunos de hoje devem desenvolver para enfrentar os novos tempos.

O que as escolas precisam aprender
O mundo mudou. Os currículos ficaram obsoletos. Quais habilidades os alunos devem desenvolver para enfrentar os novos tempos


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Vale a pena ler e refletir sobre a educação cristã.

"A escola absorveu uma quantidade enorme de conhecimento. Apesar de ter muito conteúdo, ela ensina pouco", diz Mendes. Ele afirma que, quando a lição não faz sentido para a vida do aluno, ele não a absorve.
Uma das premissas dessa nova escola é a intimidade com a tecnologia. Saber usar computadores, lousas eletrônicas e programas educativos é, hoje, como conhecer o alfabeto. Mas isso não basta. "A tecnologia é uma ferramenta inicial, serve para o aluno pesquisar, entrar em contato com aquilo de que precisa. Depois entram o professor e o trabalho em grupo para ajudá-lo a entender",
França, Alemanha e Reino Unido fizeram revisões de currículo na década de 90. As principais mudanças foram: 1) dar autonomia às escolas para adaptar os conteúdos das aulas à realidade dos alunos;


TER PENSAMENTO CRÍTICO
POR QUE É IMPORTANTE: nunca houve tamanha produção e facilidade de acesso a informações. Muitas são falsas ou imprecisas. Para entender o mundo moderno, é preciso ter habilidade de filtrá-las e interpretá-las.

COMO ENSINAR: no colégio paulistano Móbile, os alunos já receberam a reportagem com questionamentos. "Mas o que você entende por espírito crítico? Aqui tem várias aulas que trabalham isso", disse Eric Curi Silveira, de 17 anos. "A aula de ética relaciona as notícias com o que estamos aprendendo e faz a gente ver que não são verdades absolutas."
SABER APRENDER SOZINHO
POR QUE É IMPORTANTE: quem constrói seu conhecimento na escola, em vez de apenas ouvir a lição do professor, tem mais chance de continuar a evoluir e se atualizar na vida adulta. Isso é importante em um mundo em que os profissionais precisam se reciclar constantemente. É comum mudar de carreira ao longo da vida profissional.
COMO ENSINAR: no colégio Sidarta, que fica em Cotia, Grande São Paulo, as aulas são montadas a partir do interesse dos alunos. Eles pesquisam para "descobrir" o conteúdo. Isso vai da pré-escola ao 3o ano do ensino médio. Antes de falar dos bandeirantes, por exemplo, a professora de 3a série leva as crianças para uma reserva ambiental. Depois que elas sentiram as dificuldades de desbravar a mata fechada, ela diz: "É isso o que faziam os bandeirantes. O que vocês gostariam de saber sobre eles?". As crianças lançam uma chuva de questões, a que elas mesmas terão de responder. A professora indica os livros, museus, sites e vídeos onde as respostas podem ser encontradas. E vai usando as descobertas dos alunos para montar o conteúdo da aula. "Como os bandeirantes navegavam nesse rio sujo?", foi uma das perguntas de Carlos Pitteri, de 10 anos, quando viu de perto o Tietê. A classe teve de estudar como o rio era antes, limpo e com correnteza, para achar a resposta. A turma de Carlos também fez duas maquetes do Pátio do Colégio, então uma escola de jesuítas.

Os alunos fazem ainda um balanço do próprio desempenho e estabelecem as metas para melhorar. No ano passado, Carlos escreveu que precisava prestar mais atenção em atividades que não envolvessem biologia, a matéria de que mais gosta.
CONVIVER COM PESSOAS DIFERENTES
POR QUE É IMPORTANTE: aproximar crianças e adolescentes de grupos de diferentes classes sociais, etnias e opções sexuais é uma das maneiras de diminuir preconceitos. A ação prepara as crianças para um mundo mais aberto, em que entender diferenças facilita a comunicação e o trabalho em equipe.

• COMO ENSINAR: no colégio Santa Maria, em São Paulo, o contato com o mundo fora do trajeto casa-escola começa na pré-escola. As professoras mostram às crianças de 4 e 5 anos a diferença entre suas casas e as de quem mora na favela. São diversas as atividades ao longo do ensino fundamental, incluindo viagens ao Vale do Ribeira. No ensino médio, os alunos podem optar entre reforçar a equipe de uma creche e animar crianças de um hospital, ambos de bairros pobres.
ESTABELECER METAS E FAZER ESCOLHAS
POR QUE É IMPORTANTE: ensinar os alunos a fazer escolhas e arcar com a responsabilidade de suas decisões é uma das tarefas mais difíceis para as escolas. É também uma das mais importantes para formar cidadãos independentes e profissionais que não precisam de chefe.
COMO ENSINAR: na escola Lumiar, em São Paulo, os alunos começam a decidir sobre o próprio destino a partir dos 6 anos. Para isso, muitos dos elementos que caracterizam uma escola tradicional foram eliminados. Ali não há grade curricular dividida por disciplinas, divisão por séries ou por professor. Os alunos montam sua grade horária. Para garantir que eles não deixem de aprender o essencial, há um tutor designado para cada aluno. O modelo é baseado em projetos. A cada bimestre, com a ajuda do tutor e dos pais, os estudantes selecionam os projetos de seu interesse. "Oferecemos um cardápio variado, e os alunos constroem seu aprendizado", afirma o educador Fernando Almeida, da Lumiar. Apesar da aparente bagunça, a democracia costuma resolver os conflitos. Houve um caso em que os próprios alunos expulsaram um colega da escola por ele ter rasgado o trabalho de outros. Ele só poderia voltar quando pedisse desculpas. Fez isso três dias depois. "Nosso currículo prima pela relação dos alunos com a aprendizagem do que é vida. As pessoas não são mais divididas por idade e precisam tomar decisões sobre seu destino", diz Almeida. A Lumiar foi fundada pelo empresário Ricardo Semler, hoje guru do mundo dos negócios. Em janeiro, foi premiada pela Microsoft como uma das escolas mais inovadoras do mundo. Com a ajuda da empresa, a Lumiar quer divulgar essa pedagogia nas escolas públicas



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