O CERVO ORGULHOSO

"Todo homem arrogante é abominação ao Senhor; certamente não ficará impune" (Provérbios 16.5).



Depois de muito caminhar e correr pelo campo afora, certo cervo saiu à procura de alguma fonte, onde houvesse águas frescas e cristalinas para matar-lhe a sede. Não demorou muito encontrar um regato que, embora bem pequenino, tinha águas limpas e frescas. Sem demonstrar pressa, abaixou-se tranquilamente e pôs-se a sorver o líquido procurado. Após dessedentar-se, o cervo teve a sua atenção despertada para alguma coisa que nunca antes observara. Ele viu, espelhado nas águas superficiais do pequeno regato, as suas pernas compridas e tortas que formavam um triste contraste com os seus formosos chifres
dispostos em galhos.


--É bastante verdade o que as pessoas dizem a meu respeito--exclamou o cervo.--Supero a todos os demais da minha espécie, em graça e nobreza! Que elegância majestosa se pode verificar, quando levanto graciosamente a minha galhada! Entretanto, há uma triste e incontestável verdade, ao lado de tudo isto: contrastando com essa exuberância estão os meus pés tão horrorosos.
Enquanto desgostoso escarnecia e ironizava a feiúra dos seus pés tão tortos e desengonçados, eis que vê sair da floresta, e vindo em sua direção, um esfomeado leão...


Pés, para que lhes quero?... e em dois saltos firmes e velozes colocou-se fora do alcance do inimigo.
Todavia, a fábula continua contando que, na sua precipitada fuga, o cervo resolveu passar por um apertado
trilho entre as árvores. Não havia avançado muito, quando teve a sua galhada presa num espinhal, cujos ramos delgados se emaranharam formando um verdadeiro alçapão.


Lutou desesperadamente para se desprender dali, mas todo o esforço foi em vão e enquanto isto o mesmo leão o alcançou, devorando-o sem compaixão...


Assim, os pés que o animal tanto depreciava o levariam a salvo, se a galhada de que tanto se orgulhava não o fizesse perecer.
Envolvida nas tramas dessa fábula há uma grande verdade: é a que sempre nos perdemos através do objeto do nosso orgulho!
Nada justifica a nossa soberba, por causa daquilo que há de mais atraente e melhor em nós mesmos, assim como não temos o direito de depreciar as coisas que mais se destacam em nossas limitações. Quando aplicamos despretensiosamente os nossos talentos em benefício de uma causa justa, certamente que aquilo que consideramos limitado, reduzido em nossa capacidade, nem será notado em face das realizações.


Nunca nos esqueçamos do fato de que a soberba abate, mas a humildade enobrece!

(desconhecido)


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