COMENTARISTA: Jamiel de Oliveira Lopes

TEXTO BÍBLICO Cl 2.4-10; 2Co 10.4,5)

ENFOQUE BIBLICO
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia.” (1Co 10.12)

OBJETIVOS
Descrever os principais efeitos da TV sobre o comportamento.
Conhecer os danos que a TV pode causar a vida cristã.
Identificar os meios necessários para não ser atingido.

INTRODUÇÃO

Os programas televisivos têm causado impacto na sociedade, as mudanças de valores tem sido radical. Os jovens têm iniciado suas atividades sexuais cada vez mais cedo, a profanação, a violência tem sido propagada nas salas das casas de milhões pelo mundo afora, não há mais princípios morais, andam indiferente quanto às coisas divinas. Jovens e adultos tem sidos levados a formarem ídolos que os levam a infidelidade ao Deus Todo Poderoso. A vida de oração, a leitura da Bíblia, os Cânticos que louvam a Deus, estão sendo trocados por filmes, futebol, novelas, reality shows. Jesus advertiu: “Assim como foi nos dias de Noé ... (Mt 24.36-44)

OS EFEITOS DA TV SOBRE O COMPORTAMENTO

Eugenio Bucci, jornalista, que já foi presidente da Radio Brás disse: “tire a televisão de dentro do Brasil e o país desaparece.” A televisão está presente de modo direto ou indireto, na vida de todas as pessoas (pt.shvoong.com). Não há como negar o poder que a tv exerce sobre as pessoas lançando modas, atitudes etc. No Brasil onde as desigualdade social é muito grande, a TV é um veiculo que devido a seus variados modelos e preço pode entrar em todas as casas, rodoviárias, bares, lanchonetes etc.

A televisão exerce influencia no desenvolvimento sócio-emocional da criança e do adolescente.

a) No âmbito social – na formação dos grupos, amizades
b) No afastamento da família – de um lado isto é progressivo, mas olhando de outro âmbito, surge à preocupação com a formação do caráter moral, devido ao alto consumo televisivo, pode haver desvios.
c) Nos atributos físicos – a busca pela beleza, a imitação dos personagens televisivos.

De qualquer forma o homem moderno está influenciado pelos programas televisivos. Isso é visto nas atitudes, nos valores e nos comportamentos, hoje é muito difícil desassociar parte de nossas vidas da TV. Ela tem atuado como instrumento de socialização, pois, por vezes orientamos nossas ações por algum programa, e, com isto mudamos, transformamos nossos padrões de consumo, por exemplo.

Em principio a idéia que se tem com a TV, é que ela informa, diverte e educa. Mas a idéia que os críticos têm hoje é que seu papel desinforma e deseduca, mas aliena as pessoas. A televisão de hoje oferece para sua audiência entretenimento, na busca de audiência e seguidamente de propagandas imorais, pois daí vem os lucros, não se importam com a formação de nossas crianças e adolescentes.

Os programas educativos foram desaparecendo e sendo apresentados em horários impossíveis de ser assistidos por crianças, adolescentes ou jovens. A televisão se tornou um negocio de altos lucros, e ai há coisas que atraem o povo, como: sexo, dinheiro e fama. Apresentam namoros precoces, e olha que esta pratica já chegou às igrejas, jovens, que ainda nem se definiram na vida, estão namorando ou ficando. E de onde vem isto? Da TV é claro. As gravidezes apresentadas na TV, quase sempre o pai desaparece, ou não assume compromisso. É muito comum a grávida ficar com outro e as cenas de ciúmes levam a destruição de lares, isto parece muito bonito, pois está na sala de nossas casas.

Se formos coniventes, não há o que reclamar das mocinhas e mocinhos problemáticos em nossas igrejas. Também estamos vendo namoros precoces, gravidez precoce, pais ausentes. As maiorias destes acontecimentos estão associadas aos apresentadores ou atores da TV. Quem não se lembra da década de noventa, quando uma apresentadora engravidou e passou a apresentar seus programas com a barriga descoberta e com a o nome da filha escrito sobre a barriga. Bem quando o ministro da saúde disse que seria mal exemplo as adolescentes do país, foi taxado de ignorante, e que nada tinha a ver com a vida da moça.

Diversos apresentadores ficaram furiosos com o ministro, acontece que durante aquele período, varias meninas se engravidaram para mostrar suas barrigas. E muitas grávidas andavam com suas barrigas descobertas com o nome de seus bebês estampados. Nosso assunto aqui não é julgar, mas dizer que os programas da TV influenciam as pessoas. Esta mesma apresentadora nos anos oitenta vestiu as crianças do sexo feminino. No Brasil, era impossível sair nas ruas e não encontrar uma menina vestida com algum tipo de vestuário da apresentadora.

É muito comum vermos pessoas vestidas como as atrizes, os cortes de cabelos semelhantes ao da atriz ou ator, além da estética que não é tão perigosa, aliás, não oferece problemas maiores, a não ser a questão de usos e costumes em nossas igrejas. A TV tem aplicado muito em crianças, pois as primeiras lições de aprendizagem da criança são observando, experimentando e imitando. Então os programas televisivos oferecem seus modelos de comportamentos procurando alienar influenciando, a criança a não deixá-los, mas ir mudando de faze.

Ao chegar à adolescência onde se está vulnerável, devido à incompleta formação ideológica, cultural e pessoal, a TV trabalha nesta convulcividade. Trazendo transformações profundas na personalidade. A TV nesse caso é básica, maior e mais importante que o professores e os pais, depois de dormir e freqüentar a escola, a TV é a atividade mais freqüente na vida do adolescente. Os valores quando formado pela TV trás conseqüências desastrosas, o sexo se inicia antes do tempo determinado por Deus. A pessoa se tornará um degradado moral, tomando caminhos como os das drogas, da prostituição, sodomia etc. Está é a causa de uma geração má degradante, pois seus exemplos são dados ao pecado. (Gn 6.1-2; Rm 1.1-32)

OS DANOS DA TV NA VIDA CRISTÃ

Quando o salmista disse: “escondi a sua Palavra no meu coração para não pecar contra ti”, ele tinha motivos para dizer. Primeiramente o salmista procurava ser um homem ligado intimamente a Deus, pois assim não seria alheia a vontade divina. No mundo moderno ou já podemos dizer trans-moderno, quase não se lê a Palavra de Deus, pouco se ouvem e quase nada se guarda da Palavra.

Como vimos no primeiro ponto sobre a influência da TV na sociedade, não podemos ficar imaginando que na vida cristã a TV esteja ausente. Seria bom que tivéssemos apenas o aparelho, para assistirmos apenas algumas programações que não fossem nocivas para nossas vidas espirituais. É uma pena, mas a TV, já roubou o momento de oração, da leitura da Palavra, do dialogo familiar, daqueles comentários sobre o culto da noite etc.
Na verdade muitos crentes ficam apavorados com o horário do culto, que não termina na hora certa. Principalmente nos do meio de semana, perder aquele capitulo da novela, leva o crente a se perturbar ao ponto de não mais freqüentar os cultos semanais. E os ensaios? Sábado e domingo tem futebol, mas tem ensaios, evangelismo, visita a jovens novos convertidos, você tem participado?

Qualquer extremo é complicado, ser um fanático religioso não leva a nada, mas ir para o outro extremo também é viver uma vida indiferente, no formalismo. Quando tudo parece ser a mesma coisa, então é porque a pessoa se tornou insensível. Quando o culto não tem mais significado é sinal que viramos as costas para Deus. No meio jovem existe muito essa cosia de ignorar a pessoa, fazer de conta que ela não existe. Tenho certeza que você como jovem já viu este acontecimento, se não com você, com algum amigo. Então muitos estão fazendo isso com Deus, ignorando-o e dando mais valor as coisas passageiras desta vida.

Os programas televisivos tende a criar ídolos, já pensou um crente em Deus, que devido às conseqüências alienatórias que a TV lhe impõe, tornam se idolatras? Meninos e meninas que enfeitam seus quartos e enchem de fotos de atores, jogadores de futebol, garotas do play boy, apresentadores (as) da TV, fazendo deles seus ídolos. Os fãs clubes, espalhados entre os jovens crentes, será isto pecado? (Ex 20.3).

Finalizando este ponto convém lembrarmos que a infidelidade a Deus trás conseqüências graves. O povo de Israel sofreu muito e muitos crentes têm sofrido ainda hoje, pois Deus não mudou, ele é o mesmo (Js 24.15; 1Rs 18.21)

OS CUIDADOS QUE SE DEVE TOMAR COM A PROGRAMAÇÃO DA TV

“Como tirar o melhor partido do uso da televisão?

Especialistas em educação familiar oferecem-nos 27 úteis e práticos conselhos, para utilizar a televisão como um meio eficaz para a educação dos filhos. A televisão, utilizada com critério, pode ser um meio eficaz para a educação dos nossos filhos. Ninguém mais quer o melhor para os filhos do que nós, os pais. Portanto, estamos obrigados a utilizar a televisão como um meio mais, dos muitos que existem ao nosso alcance, para educarmos nos valores da vida. E temos o direito de que ela seja de qualidade e respeite o direito a crescer com dignidade.

1- Os filhos devem ser ensinados pelos pais tanto a ver programas televisivos gratificantes e enriquecedores, como a não ver aqueles que os possam degradar na sua dignidade humana. Se os pais não ensinarem os filhos a ver televisão, quem o fará?

2- Temos de ensinar aos filhos que não se deve ''ver televisão'', mas sim ver programas de televisão. Assim podemos revelar a capacidade de seleção e discriminação, que nos habilitará a ver aquilo que nos convém e a não ver aquilo que não nos convém ver. Devemos perguntar aos nossos filhos: ''Que querem ver? '', mas não: ''Querem ver televisão?''.
3- Para criar um critério de seleção, devemos evitar estar presos à televisão quando não estamos a ver um determinado programa.
4- Uma boa maneira de pôr em prática as idéias anteriores é não ter à mão o controle remoto, o ''zapping'', ou o costume de mudar constantemente de canal, dado que isto é contrario ao critério de seleção que devemos criar nos nossos filhos para verem televisão.
5- Os nossos filhos não devem ter um aparelho de televisão no seu quarto. Este costume incentiva o isolamento e provoca uma dependência da televisão que é contrária à vida de família. Devemos ter presente que uma dependência desregrada da televisão impede o jogo dos nossos filhos, a sua criatividade e o convívio familiar.
6- É conveniente ter um horário pré-estabelecido para ver programas de televisão. Como todas as coisas, a televisão tem de ter ''o seu lugar'' na vida familiar, juntamente com outras atividades.
7- Não use a televisão como uma '' babá eletrônica'', dado que ela não cuida verdadeiramente dos nossos filhos, especialmente se os deixarmos ver ''o que está passando''. Quando os pais trabalham, o critério é especialmente importante.
8- A capacidade de imitação que as crianças têm deve ser orientada para o conhecimento de personalidades reais e exemplares (por exemplo: esportistas, heróis da nossa história, poetas destacados, etc.), e não para ''heróis imaginários'' e inexistentes.
9- Deitar a culpa à televisão é uma saída fácil. Os pais não devem abdicar da luta para que em casa se veja boa televisão, tendo sempre presente que nos pertence a nós o dever e a responsabilidade de formar os nossos filhos.
10- Se for possível, é muito conveniente que os pais vejam televisão com os filhos. De maneira a poderem conhecer diretamente os efeitos que os programas que vêem produzem neles.
11- Nem todos os programas são igualmente vantajosos. Devemos preferir que os nossos filhos vejam aqueles que têm a ver com o revelar de valores familiares, amor pela natureza, ocupação positiva dos tempos livres, estudo e desenvolvimento da cultura do espírito, etc., e não aqueles programas superficiais e sem fundamento.
12- Não é conveniente que a criança veja um programa que a iluda, tanto com a cumplicidade dos pais como às escondidas deles. Não convém dar por assente que todos os programas chamados infantis têm um conteúdo adequado. Nós, pais, devemos orientar os nossos filhos nesse sentido, o que nos obriga a informarmo-nos adequadamente a este respeito.
13- Nós, pais, devemos informar-nos do conteúdo dos programas de televisão. Qualquer programa que inclua erotismo, sexualidade, violência, maldade, promiscuidade, delinqüência, racismo, etc., não é apto para crianças. E os pais devem sabê-lo, e evitar que os filhos vejam. Para adquirirem esse conhecimento, podem consultar os guias de qualificação da programação que se publicam ocasionalmente em diversos organismos e revistas de critério.
14- Há que ter presente que os filhos devem aprender os valores morais antes de mais nada no domínio da família e no convívio com os outros, e não com os personagens e ações da televisão.
15-Os pais de família devem fazer esforços para procurar alternativas à televisão: desporto visitas a museus e parques naturais, sessões de teatro, projeções de vídeos, fomentar conversas familiares, praticar ações solidárias a favor dos outros, etc.
16 - A "cultura da imagem'' deve chegar às crianças por outros meios que não seja exclusivamente a televisão, quer dizer por fotografias, exposições, mapas, leitura, etc.
17 - Inevitavelmente, e apesar dos nossos esforços, haverá conteúdos televisivos contrários aos valores familiares. É por esse motivo que nós, pais, devemos fazer o necessário para que os programas sejam analisados e discutidos em reuniões de família, por exemplo, às refeições. Isto não só enriquece a comunicação familiar, mas também é uma boa maneira de dar um apoio à educação dos nossos filhos, evitando que se enraízem neles maus conteúdos televisivos.
18-As famílias, a pouco e pouco, podem criar uma coleção de vídeos com filmes e documentários de interesse para as crianças.
19-Os anúncios comerciais podem ser tão perigosos como os maus programas de televisão. Os pais devem estar muito atentos para que a televisão não torne os seus filhos pessoas superficiais ou consumidores de tudo o que se anuncia. Nunca se deve fazer caso da publicidade de jogos que incitem à violência, à discriminação ou ao racismo.
20- Ver ou não ver televisão não deve constituir para as crianças uma questão de prêmio ou castigo.
21 - Os pais de família devem iniciar os seus filhos, segundo a sua idade e desenvolvimento, numa prudente e positiva educação sexual, na qual se evite que uma imagem distorcida da mulher e do sexo lhes seja transmitida, pouco a pouco, por meio da televisão.
22 - Nós, pais de família, devemos lutar para que qualquer programa de televisão infantil, realizado sem ética, sem respeito pelos valores e pelos direitos das crianças, seja qualificado como um delito pela legislação nacional. A má televisão infantil, ou "programação-lixo" tem como origem o desprezo pelas crianças como pessoas.
23 - Não devemos deixar que os nossos filhos vejam televisão-lixo. Se estes programas de televisão forem vistos pelos nossos filhos, farão com que confundam realidade e ficção; desorientar-se-ão e ficarão equivocados na compreensão do valor e do sentido da vida, e irão deformar a sua própria consciência. Transigir com a má qualidade desses programas de televisão impróprios para crianças, deixando-os ver, equivale a transigir e tornar-se cúmplice dessas pessoas que distorcem os valores e os direitos da infância.
24 - Nós, pais de família, devemos organizar-nos para exigir uma boa televisão, em horários infantis. As atitudes grosseiras, os hábitos e comportamentos anti-sociais, as linguagens obscenas, a perda do sentido da autoridade, a vulgaridade e a frivolidade, o direito a condutas menos corretas, qualquer desrespeito à vida humana, etc., devem ser eliminados, especialmente dos programas que tenham as crianças como destinatários.
25-Perante uma programação infantil com baixa, discutível e reprovada qualidade, os pais têm o legítimo direito de pôr em marcha uma crítica construtiva. Assim, devemos incentivar uma boa televisão, destacando os bons programas.
26-Os pais de família e educadores devem fazer compreender aos seus filhos que a televisão não é imprescindível nem é o único meio para ocuparem o seu tempo livre.
27-O exemplo é uma terapia eficaz. Se os pais vêem muita televisão, e televisão de má qualidade, com que critério vão evitar que os seus filhos vejam os programas que são negativos para eles?” (Fonte Portal da Família.Org)

CONCLUSÃO

Não há duvida de que o Diabo tem tirado proveito dos meios de comunicações, principalmente a televisão, que tem tido o papel de orientadora. Aproveitando esta deixa, ele tem usado todas as suas artimanhas, daí os alarmantes números de mães solteiras, divórcios, famílias inteiras têm sido desfeitas. Que Deus guarde a sua Igreja.

OBRAS CONSULTADAS
VIDIGUEIRA, Vânia Cristina Rosário – A influencia da televisão no desenvolvimento sócio-emocional dos adolescentes – Portal dos Psicólogos

Colaborador para EBDnet – Pr Jair Rodrigues



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TELEVISÃO, OS PERIGOS DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA

Texto Bíblico Efésios 5.1-8; 1 Timóteo 6.3-5,11-14


A influência da televisão atualmente é inegável. Tornando esse fato como ponto de partida, procuro analisar os perigos da exposição excessiva a mídia. A TV está presente e tem exercido influência em muitos lares evangélicos. Não podemos negar essa realidade. O Ateliê Aurora, programa de pós-graduação em educação da Universidade Federal de Santa Catarina, através de um estudo, constatou que assistir televisão é a atividade mais marcante de todos os contextos sociais. A pesquisa foi feita com alunos da rede pública de ensino (escolas localizadas em comunidades carentes) e privada (escolas de elite) de Florianópolis, no centro da cidade e em vila de pescadores. Mesmo com o avanço das tecnologias digitais, a televisão continua ocupando um espaço privilegiado no cotidiano da maioria das famílias brasileiras. Observe o que nos diz Regina de Assim, diretora da Multirio, e Marcus Tavares sobre o alcance da TV:

Num país de dimensões continentais, a TV alcança praticamente todos os municípios (99,84%) e está presente em 91,4% dos domicílios. A influência sobre a constituição das identidades das crianças é, portanto, notória. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005, divulgados este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a televisão está presente em 91,4% dos domicílios. O rádio, em 88%. O computador, em 18,6%. O computador com acesso à internet em apenas 13,7% dos domicílios pesquisado.

Antes de adotar uma postura crítica frente ao uso da televisão, é preciso ter consciência de que a mesma não é a única responsável pelo mau comportamento das crianças e jovens. Caso fosse à única vilã bastaria termos uma TV perfeita para vivermos um Éden aqui na Terra. O que acontece é que as crianças e os adolescentes estão se excedendo diante de um veículo de comunicação que tem o poder de manipular o pensamento, as ideias. Pesquisas mostram que as imagens têm o poder de afetar os dois lados do nosso cérebro. Retemos mais informações quando nos são apresentadas por meios audiovisuais. E nem sempre a TV mostra aquilo que é saudável. Observe o que nos diz Regina de Assis, Presidente da MULTIRIO e coordenadora do RIO MÍDIA – Centro Internacional de Referência em Mídias para Crianças e Adolescentes:

Várias pesquisas evidenciam que a produção audiovisual tem o poder de estimular os dois lados do cérebro: o tecido neocortical, responsável pelas funções superiores do raciocínio, tais como a constituição do significado de palavras e ações; e o sistema límbico articulador dos instintos, da intuição, dos desejos, afetos e emoções. O cérebro das crianças é por isso cooptado, com facilidade, pelos programas de TV, que tanto exercem atrações sobre seu raciocínio, quanto sobre seus sentimentos, desejos e afetos.


OS PERIGOS DA “TELINHA”

As Escrituras Sagradas nos advertem: “Não porei coisa má diante dos meus olhos...” (Sl 101.3). Atualmente, essa advertência não é apenas divina, pois psicólogos e psiquiatras também alertam e advertem os pais sobre os problemas causados pelo excesso de exposição à mídia, principalmente a TV. A criança brasileira é uma das que passam a maior parte do tempo livre diante da televisão. Segundo uma pesquisa do Painel Nacional de Televisão do Ibope, publicada no livro Crianças do Consumo, de Susan Linn, as crianças brasileiras de 4 a 11 anos assistem em média a 4h51 minutos de TV por dia. O Brasil ficou em primeiro lugar — antes dos Estados Unidos — na quantidade de tempo que as crianças ficam diante do televisor. A criança evangélica, que freqüenta a ED, também não está de fora desses números.

Jesús Martín-Barbero afirma que, desde a metade do século XX, a função de principal elemento de influência no processo de formação do público infanto-juvenil, ocupada durante séculos pela família, vem sendo mais e mais dividida com os meios de comunicação de massa. Por meio da mídia eletrônica, aponta Barbero, crianças e adolescentes ficam expostos aos diversos tipos de mensagens.

ALGUNS DOS RESULTADOS DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA

Os resultados negativos da exposição excessiva da mídia são muitos; seria impossível relacioná-los. Portanto, destacamos alguns aspectos. Um deles é o aumento da obesidade infantil as crianças não brincam mais como deveriam. Estão cada dia mais sedentárias. De acordo com dados apresentados pela Escola Paulista de Medicina, na “Primeira Jornada de Alimentos e Obesidade na Infância e Adolescência”, no Brasil 14% das crianças são obesas e 25% estão acima do peso. As empresas de alimentos infantis têm investido no marketing de produtos colocados à disposição das crianças, uma vitrine atraente, repleta de guloseimas. Segundo os especialistas, os adultos são menos influenciados pela propaganda, cujo poder manipulador afeta profundamente as mentes infantis, aumentando o consumo de alimentos nem sempre saudáveis.

A exposição excessiva à mídia também contribui para o aumento da agressividade. As crianças ficam expostas a imagens violentas e repletas de sexualidade, que comprometem seu comportamento social e seus valores. As crianças que assistem à violência gratuita estão propensas a enxergá-la como uma maneira eficaz de resolver conflitos. Segundo a Academia Americana de Pediatria, “assistir à violência pode levar à violência na vida real”.

O excesso de exposição à mídia também contribui para o aumento da atividade sexual precoce e fora do casamento. A infância e a adolescência tornaram-se curtas e o número de adolescentes grávidas virou uma questão de saúde pública. Brandon Tartikoff, antigo presidente da NBC, declarou: “Realmente, acredito que as imagens influenciam os comportamentos... a TV é financiada por comerciais e a maioria usa comportamentos imitativos”.

Outro fato que podemos constatar é a diminuição do diálogo familiar. Os pais já não conversam como deveriam com seus filhos, pois o tempo que lhes sobra é gasto diante da “telinha”, onde o silêncio é exigido.

Vale relatar o que diz Solange Jobim e Souza em sua obra A Subjetividade em Questão:

Nos lares de hoje as famílias não mais contam suas histórias. O convívio familiar se traduz na interação muda entre as pessoas que se esbarram entre os intervalos dos programas da TV e o navegar através do éden eletrônico as infovias. O tato e o contato entre as pessoas, na casa ou no trabalho, cedem lugar ao impacto televisual.

A exposição à mídia também contribui para o consumismo (resultando em inveja, ambição, cobiça, etc). Fica difícil para as crianças e adultos resistirem aos apelos do consumo: O mundo do consumo se oferece como terra prometida, um lugar a que todos têm direito e onde se é diferente, sendo igual. (Solange Jobim).

A verdade é que acabamos por aceitar a cultura do consumo. Muitos pais fazem o possível e o impossível para que a pseudofelicidade prometida pelo consumo esteja ao alcance de seus filhos. Isso se deve ao fato de que na atualidade o “ter” passou a ser mais importante que o “ser”. A esse respeito, recorro mais uma vez à pesquisadora Solange Jobim: Aprendemos a avaliar com perfeição a vida através dos objetos que circulam entre nós. Não são mais os outros, nossos semelhantes, que fornecem os elementos básicos para a constituição de nossas referências éticas e morais.” (Solange Jobim).

Diante de tantos malefícios, fica a pergunta: É lícito interagir com a mídia? Para o cristão, todas as coisas são lícitas, mas nem tudo é proveitoso ou edificante (1 Co 10.23;16.12). Devemos fazer uso da mídia com prudência e discriminação. De acordo com Charles Colson e Nancy Pearcey, podemos desfrutar da mídia desde que estejamos treinados para sermos seletivos e definamos limites para que a cultura popular não molde o nosso caráter.

É importante ressaltar que a mídia comunica crença de valores e sempre expressa uma ideologia. Michael Palmer, no livro Panorama do Pensamento Cristão, diz que “os cristãos que vêem a cultura de mídia de entretenimento têm de aprender a ler essas imagens e rejeitar as que são incompatíveis com os padrões cristãos e a Escritura”. Esse é o problema. As crianças e adolescentes conseguem fazer essa leitura? É difícil! Elas precisam ser ensinadas a fazer isso. Será que fazemos essa leitura? Ou ingerimos tudo? Sem questionamento?

TEM “ALGUÉM” POR TRÁS DA “TELINHA”

Esse alguém a quem me refiro não são os técnicos, editores, pessoas de carne e osso como nós. Esse alguém não possui um corpo físico. Ele é o Inimigo das nossas almas, lembrando que a sua função neste mundo é matar, roubar e destruir. As estratégias de Satanás para destruir as famílias mudam de tempos em tempos, e especificamente nos tempos pós-modernos. Temos visto o mundanismo na mídia, principalmente na TV, ridicularizando a fé cristã e refletindo de forma negativa em algumas famílias. Quando a família não dá muita ênfase à TV, as crianças, por influência dos amigos, concluem que sua família é “estranha” por priorizar Jesus e a igreja, uma vez que as famílias exibidas nos programas televisivos não vivem como sua família.

As pessoas estão hipnotizadas diante da subjetividade das imagens; muitas não conseguem discernir as artimanhas de Satanás. Precisamos clamar por um avivamento de contrição e santificação (1 Pe 1.15,16; 1 Ts 5.23). Entretanto, se gastarmos nosso tempo diante da televisão, como vamos clamar a Deus? Sobrará tempo para a oração?

Nós somos responsáveis pela programação que as emissoras estão transmitindo. Canal de televisão é concessão. Como “luz” e “sal” dessa Terra, podemos e devemos trabalhar para termos uma mídia de qualidade. Lembre-se, o controle deve estar em nossas mãos. Não o terceirize. Não deixe que outros decidam que seus filhos vão assistir. Segundo Doris Sanford, no livro Criança Pergunta Cada Coisa..., os pais devem olhar no mínimo um episódio do programa antes de permitir que as crianças assistam. É preciso selecionar cuidadosamente a programação a que a família vai assistir. Uma pesquisa feita na Argentina mostrou que 95% das crianças conhecem toda a programação televisiva, mas apenas 5% dos pais sabem ao que seus filhos assistem. Muitos pais acreditam que seus filhos vão ter acesso a uma programação de qualidade só pelo fato de terem em casa canais de TV por assinatura. Esses canais não se preocupam com os conteúdos, não acompanham nem avaliam ao que seus filhos estão assistindo.

RISCOS NA INFÂNCIA

Na atualidade, a criança vem correndo vários riscos. O modo como uma nação trata as suas crianças diz muito sobre como será o seu futuro. Observe o que nos diz Solange Jobim e Souza:
[...] a criança contemporânea tem como destino flutuar erraticamente entre adultos que não sabem mais o que fazer com ela. Crianças passam assim a compartilhar entre si suas experiências mais frequentes, as quais se limitam, na maioria das vezes, ao contato com o outro televisivo, remoto, virtual e maquínico.
Como temos tratado nossas crianças? Como Igreja do Senhor, o que temos feito? Qual tem sido a nossa preocupação com a educação cristã?
A televisão está tão impregnada em nós que podemos vê-la até na Escola Dominical. Na Escola Dominical? Isso mesmo! Está presente na fala das “tias”, nas músicas que as crianças cantam, no modo como se vestem, nos gestos, nos brinquedos e nas brincadeiras. A televisão nos leva a consumir não somente mercadorias, mas também imagens, linguagem e modo de ser... A educação cristã não deve se restringir às salas de aula da ED, pois nossos alunos são indivíduos que são afetados por seu meio. A reflexão a respeito da exposição excessiva à televisão é relevante e fundamental para que possamos oferecer às crianças e jovens uma educação que lhes possibilite de fato dialogar com a mídia e com a nossa cultura. Para Gilka Girardello, coordenadora do Ateliê Aurora, é fundamental fazer com que as crianças e jovens compreendam que a televisão não é uma “janela para o mundo — como gostam de caracterizar os mais otimistas: Ela é um recorte muito bem produzido e montado da realidade — e não a realidade”.

Nossos alunos, não importam à idade, deveriam estar conscientes do que estão perdendo quando permanecem diante da televisão. Você está consciente das perdas? Elas são muitas. Observe a relação.

VEJA O QUE PERDEMOS QUANDO FICAMOS HORAS DIANTE DA TV:

• Ler um bom livro ou revista;
• Orar e ler a Bíblia;
• Ouvir uma boa música;
• Tocar um instrumento;
• Fazer uma caminhada ou andar de bicicleta;
• Brincar com os amigos;
• Participar de uma boa discussão teológica ou política;
• Visitar um amigo;
• Realizar algumas tarefas domésticas.

É HORA DE PEGAR O CONTROLE

É possível neutralizar os efeitos maléficos da televisão? Podemos ter o “controle” de volta? Vejamos algumas sugestões que podem nos ajudar a combater os perigos da “telinha”:

1. Procure dedicar mais momentos para estar com seus filhos. A sua companhia, com certeza, é melhor do que a das apresentadoras dos programas infantis. Qual o filho que não quer ficar perto dos pais?

2. Estabeleça um horário e confeccione um calendário com os dias, horas e programas que as crianças possam assistir.

3. Logo no início da semana, pegue o guia da TV e, em família, discuta os programas que podem ser vistos e estarão disponíveis.

4. Compre alguns adesivos e determine que cada adesivo valha uma hora de TV, mas para cada hora de televisão a criança deverá ler um capítulo de um livro.

5. Se a criança ficou uma hora assistindo à TV, depois ela deve brincar com os colegas ou sozinha.

6. Assista, pelo menos, a metade do programa que seu filho está assistindo, pois só assim terá condições de discutir com ele o comportamento dos personagens. Caso ache necessário, durante a exibição, faça algumas considerações. Você poderá dizer: “Esse personagem agiu dessa forma. Ele agiu de modo correto? O que a Palavra de Deus nos diz sobre isso?”

7. Faça perguntas sobre os programas. As crianças gostam de ser provocadas a opinar, a falar o que pensam.

8. Procure adquira alguns vídeos evangélicos para as crianças. Existem excelentes trabalhos no mercado.

9. Nunca use a televisão como forma de recompensar a criança. Por exemplo: “Você comeu tudo; agora pode ver TV”.

10. A televisão não deve ficar no quarto da criança ou adolescente e nem escondido em um lugar de difícil acesso, pois o controle fica mais difícil. Ela deve estar em um local onde todos possam ver, onde você esteja sempre de olho.

11. Peça que as crianças que façam uma lista de cinco coisas que gostariam de fazer ao invés de assistir à TV. Depois, discuta com elas o que poderia ser feito de imediato. A televisão vai ficando para depois, e acriança vai perceber que existem atividades mais divertidas.

A Palavra de Deus nos ensina: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.15,16).

Está na hora de desligarmos a tevê e investirmos em algo mais saudável. Como educadores, temos a responsabilidade de alertar nossos alunos e os pais sobre o poder sedutor da linguagem televisiva. Não podemos nos calar diante dos estragos que a exposição excessiva diante “telinha” vem produzindo.

BIBLIOGRAFIA

LINN, Susan. Crianças do consumo: infância roubada. São Paulo, Instituto Alana.
SOUZA, Solange Jobim e. Subjetividade em questão: a infância como crítica da cultura. Rio de Janeiro, Editora 7 Letras.
PALMER, Michael. Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro, CPAD.
COLSON, Charles & PEARCY, Nancy. E agora como viveremos? Rio de Janeiro, CPAD.
ASSIM, Regina de & TAVARES, Marcus. TV, sociedade e responsabilidade. Disponível em: www.multirio.rj.gov.br/riomidia/. Acesso em: 18 de fevereiro de 2009.
www.aurora.ufsc.br
www.midiativa.tv

Autora: Telma Bueno, Pedagoga, Jornalista e Revisora do Setor de Educação Cristã da CPAD.

FONTE: www.cpad.com.br

Postado por Tia Hellen Gleici www.hellengleici.blogspot.com


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